Gestão de Marketing
A gestão de marketing é essencial para organizações de todos os tamanhos e setores. Ela envolve a criação, planejamento, implementação e controle de estratégias de marketing para atingir os objetivos organizacionais. A gestão de marketing evolui significativamente nas últimas décadas, com a crescente importância do marketing digital e das mídias sociais (veja ao vídeo abaixo). O presente texto tem como objetivo discutir a importância do marketing ao processo de agregação de valor aos clientes, a partir das perspectivas do mix de marketing (produto, preço, praça e promoção).
Marketing é o conjunto de processos para criar, comunicar, entregar e trocar ofertas que tenham valor para clientes, parceiros e sociedade em geral (AMERICAN MARKETING ASSOCIATION, 2021, online). Nesse conceito, o primeiro elemento a ser destacado é o cliente, pois ele de fato é centro do marketing. Cliente é um termo genérico que designa todos aqueles que estão a montante da cadeia de suprimentos de uma organização. Existem três tipos de clientes: comprador, usuário e consumidor. Para entendê-los, pode-se pensar numa situação hipotética em que uma mãe dá dinheiro à filha mais velha para comprar um brinquedo ao filho mais novo. A mãe é a compradora, pois dela provêm os recursos para compra do bem; o filho mais novo é o usuário, pois ele que usará efetivamente o produto; a filha mais velha é a consumidora, pois ela que decidirá qual produto comprar. Dessa forma, percebe-se que o marketing deve estar direcionado ao cliente consumidor, pois é ele que realmente avalia e decide se compra ou não o produto.
De fato, uma das principais funções do marketing é facilitar o processo decisório do consumidor. Alguém que queira comprar um smartphone pode estar em dúvida entre um da Apple e outro da Samsung. Uma análise comparativa minuciosa dos diversos itens de um smartphone (resolução, velocidade de processamento, memória, etc.) demandaria tempo e conhecimento técnico. Ao invés disso, o cliente prefere confiar em uma das duas marcas e, caso o produto entregue valor de fato, provavelmente comprará recorrentemente novos produtos dessa marca. Essa facilitação tem grande impacto social, a medida que poupa o tempo das pessoas, possibilitando-as usá-lo melhor, seja para lazer, seja para trabalhar naquilo que são mais produtivas.
O
primeiro elemento, produto, num sentido amplo, inclui tudo aquilo que a empresa
vende, considerando bens (tangíveis) e serviços (intangíveis). Kotler e Keller
(2006) preconizam uma hierarquia de produto, incluindo:
1. Necessidade central: aquilo
que o cliente precisa. O aluno que mora longe do Instituto, por exemplo,
necessita de transporte.
2. Produto Básico: aquilo que a
organização desenvolve para atender a necessidade central do cliente. O aluno
pode usar vários produtos para atender a sua necessidade: ônibus, carro
próprio, uber, entre outros.
3. Produto Esperado: aquilo que
o cliente espera do produto básico. A pessoa que solicita um uber espera que o
motorista seja educado e prudente.
4. Produto Ampliado: aquilo que é
oferecido a mais do que a necessidade central. O motorista do uber pode
oferecer uma balinha, na expectativa de surpreender o cliente e ser bem
avaliado na plataforma.
5. Produto Potencial: aquilo que
deve ser incluído ao produto no futuro. A inteligência artificial está sendo
cada vez mais usada nos veículos de transporte e, provavelmente, a automação
substituirá os motoristas no futuro.
O
segundo elemento é o preço, sendo essencial diferenciá-lo de valor. Preço é
quanto custa, em dinheiro, a aquisição de um bem ou serviço. É objetivo. Valor
é o quanto realmente vale para o cliente. É subjetivo. Um fã de futebol, por
exemplo, tendo condições financeiras, provavelmente aceitaria pagar um preço
bem alto para assistir à final da Copa do Mundo; enquanto uma pessoa que não se
interessa pelo esporte, talvez não iria nem de graça. Para ambos, no entanto, o
preço do ingresso é o mesmo. Outro exemplo interessante foi quando o governo
americano, em meados do século XIX, tentou comprar as terras dos indígenas de
Seatle. A carta de resposta do Cacique é considerada um dos mais belos textos do
ambientalismo mundial. Em um trecho questiona: “Como é que se pode comprar ou
vender o céu, o calor da terra?”. Para os indígenas, a terra é a própria mãe, é
sagrada, portanto tem valor, mas não tem preço.
Compreendido
a diferença de preço e valor, o marketing deve focar primeiramente na proposta
de valor ao cliente, para depois definir o preço do seu produto, com base em
dois critérios: 1. Nos custos – o preço não pode ficar abaixo do custo de
produção; 2. na demanda – o quanto que os clientes estão dispostos a pagar. É
muito comum empreendedores definirem preço com base apenas nos custos de
produção, como por exemplo 10% acima desse custo. Isso pode ser um erro, pois
se os clientes estiverem dispostos a pagar 20% a mais no produto, e mesmo assim
comprar todo estoque, o empreendedor perderá a oportunidade de aumentar sua
margem de lucro.
O
terceiro elemento é a praça, a qual muitas vezes é conceituada, erroneamente,
como o ponto de venda do produto. A praça inclui não apenas o ponto de venda,
mas toda a cadeia de suprimentos necessária para que o produto chegue até o
cliente final. A ideia é que em cada elo dessa cadeia, desde o produtor inicial
até o vendedor final, ocorre a agregação de valor ao produto, ao mesmo tempo em
que uma falha em qualquer elo compromete o atendimento adequado ao cliente. Um
exemplo é um cliente que está habituado a comprar um produto no supermercado,
pode deixar de adquiri-lo caso passe a saber que os insumos desse produto advêm
de uma fábrica de trabalho escravo na Índia.
O
quarto elemento é a promoção, que não significa, como o senso comum, desconto
(queda no preço dos produtos). Promoção, no marketing, significa divulgação, e
inclui várias estratégias – o desconto é apenas uma delas. Outras são: propaganda,
publicidade, merchandising, marketing direto, relações públicas, pós-venda,
entre outros. A promoção é um aspecto fundamental para o sucesso de qualquer
produto. É comum bons produtos não terem sucesso devido a divulgação
inadequada. As empresas geralmente possuem gastos consideráveis em promoção,
havendo sempre a necessidade de torná-los mais eficientes, direcionando a
divulgação ao público-alvo adequado. Se o público-alvo de determinado produto
são adolescente de 12 a 18 anos, faz mais sentido concentrar esforços de tempo
e recursos na divulgação em uma rede social como o TikTok, ao invés da Meta.
Referências
IBOPE. Instituto Brasileiro de Opinião Pública e
Estatística. Pesquisa de opinião pública
sobre vegetarianismo. 2018. Disponível em:
https://www.svb.org.br/images/Documentos/JOB_0416_VEGETARIANISMO.pdf. Acesso em
15 jun. 2023.
KLOTER, P. Kotler
Marketing Group. Disponível
em: https://www.kotlermarketing.com/. Acesso em 30 ago. 2021.
KLOTER, P.; KARTAJAYA, H.; SETIAWAN, I. Marketing 3.0: as forças que estão definindo o novo
marketing centrado no ser humano. 1 ed. São Paulo: Elsevier, 2010.
KLOTER, P.;
KARTAJAYA, H.; SETIAWAN, I. Marketing
4.0: do tradicional ao digital. 1 ed. São Paulo: Sextante, 2017.
KLOTER, P.; KARTAJAYA, H.; SETIAWAN, I. Marketing 5.0: tecnologia para humanidade. 1 ed. São
Paulo: Sextante, 2021.
KLOTER, P.; KELLER, K. Administração de Marketing. 15 ed. São Paulo: Pearson Universidades, 2019. 896p.
LAUTERBORN,
B. New Marketing Litany: Four Ps Passé: C-Words Take Over. Advertising Age, v. 61, n. 4, 1990.
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