Evolução do Pensamento Administrativo: teorias e abordagens da administração
A administração é a ciência destinada ao estudo das organizações, que, por sua vez, constituem na soma de pessoas e recursos visando um resultado em comum específico, tais como empresas, órgãos públicos e Organizações Não Governamentais (ONGs). Organizações existem desde os primórdios da humanidade e foram, e ainda são, fundamentais para o estabelecimento da espécie humana como dominante no planeta. Nesse sentido, o presente texto tem como objetivo analisar a evolução do pensamento administrativo em abordagens e teorias, bem como refletir sobre suas aplicabilidades.
Muitas
técnicas administrativas podem ser visualizadas desde a Idade Antiga, a exemplo
da organização de homens para caça de animais maiores como os mamutes, ou nas
estratégias de guerras, preconizadas na obra “A arte da guerra” de Sun Tzu. Os
sucessos dessas técnicas, advindas da inteligência coletiva, foram
preponderantes para o homem estabelecer como espécie dominante na Terra (HARARI,
2018). Apesar disso, o marco científico para o aparecimento da administração
foram os estudos de Taylor e Fayol no final do século XIX. A partir de então,
surgiram as teorias da administração, as quais são agrupadas em diferentes
abordagens. A seguir serão exploradas as principais teoria, com base em
Chiavenato (2020).
Vídeo sobre evolução do pensamento Administrativo:
A primeira abordagem é a clássica, a qual inclui, como supracitado, a Administração Científica do norte-americano Taylor e a Teoria Clássica do francês Fayol. A primeira se caracterizou pelo estudo dos tempos e movimentos no trabalho e pela busca pela eficiência e padronização dos processos produtivos. Ao passo que a segunda se concentrou na estruturação das organizações e na definição das funções gerenciais. Para Fayol, as funções da administração eram: planejamento, organização, comando, coordenação e controle – POC3 (CHIAVENATO, 2020).
A Abordagem Humanística engloba a Teoria das Relações Humanas e Teoria Comportamental. Surgiu a partir críticas à visão de homo economicus da Abordagem Clássica, preconizada nos estudos de Elton Mayo e seus colaboradores, que perceberam a importância das relações interpessoais no ambiente de trabalho. Essa teoria defende que as necessidades sociais e emocionais dos trabalhadores devem ser consideradas na gestão das organizações, se destacando sobretudo após a crise financeira de 1929 e até o fim da Segunda Guerra Mundial.
A
Teoria Neoclássica é uma repaginada da Teoria Clássica, embora com diversos
autores (como Peter Drucker e O’Donnell), muitos com perspectivas heterogenias
e até divergentes, mas que visualizavam na abordagem humanística uma certa
ingenuidade, ao desconsiderar aspectos como a eficiência e eficácia
organizacionais. Além disso, essa escola é a primeira a olhar para aspectos do
ambiente externo, como marketing, estratégia e qualidade.
Quase
que paralelo à Teoria Neoclássica, se desenvolve a Abordagem Estruturalista,
que engloba a Teoria Burocrática de Max Weber e a Teoria Estruturalista. A primeira
tem grande importância em diversos campos da administração, a exemplo da
administração pública, uma vez que propõe mecanismos para superação de práticas
patrimonialistas, comuns, no início do século XX, em diversos países, como o
Brasil. A Teoria Estruturalista propõe um olhar mais global para as
organizações, a partir da aproximação da teoria burocrática com a abordagem
humanística.
Na
mesma seara da Teoria Estruturalista, surge a Teoria Sistêmica da
Administração, num contexto em que a visão sistêmica e holística, proposta
inicialmente pelo biólogo Bertalanffy, se disseminou nas diversas
ciências exatas, naturais e humanas. Vários princípios são importantes, como: a
ideia da organização como um sistema aberto; e a busca por benefícios
sinérgicos entre os diversos elementos organizacionais, a exemplo de maior
diálogo entre os departamentos de uma empresa.
Sobre influência da Teoria Sistêmica, emerge a Teoria da Contingência, que defende que
não existe uma única forma de administrar que seja adequada para todas as
situações. Ela se concentra na análise das variáveis que podem afetar o
desempenho das organizações e busca adaptar a gestão às condições específicas
de cada caso.
As
diversas abordagens e teorias administrativas surgiram a partir da busca por
soluções de problemas de suas épocas, mas que trazem ensinamentos ainda hoje
importantes. Não se pode, por exemplo, dizer que as mais antigas estão
completamente defasadas: a eficiência produtiva, preconizada pela abordagem
clássica, é importante para escalabilidade que qualquer empresa; ao passo que
uma boa gestão de pessoas perpassa pelo entendimento da abordagem humanística.
Conclui-se
que a compreensão da evolução do pensamento administrativo é fundamental para o
aprimoramento da gestão nas organizações. É essencial que os gestores conheçam
e apliquem as diferentes abordagens, buscando adaptá-las às necessidades e
particularidades de suas organizações.
Referências
CHIAVENATO, I. Introdução à
Teoria Geral da Administração: Uma Visão Abrangente da Moderna Administração
das Organizações. 10 ed. São Paulo: Atlas, 2020. 392p.
TZU, S. A Arte da Guerra: Edição de luxo Capa dura – 20 maio 2015 São Paulo: Novo Século,
2015. 158p.
HARARI, Y. Sapiens (Nova
edição): Uma breve história da humanidade 1
Ed. Rio de Janeiro: Companhia das Letras, 2020. 472p.
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