Cooperativismo e o Associativismo
O cooperativismo e o associativismo são formas de organização social, sem fins lucrativos, que buscam a união de indivíduos com interesses em comum, para alcançar objetivos coletivos. Essas formas de organização surgiram no século XIX durante a Revolução Industrial, em um contexto de transformações sociais e econômicas, visando oferecer alternativas às formas tradicionais de produção e consumo, bem como melhorias nos salários e condições de trabalho dos operários. O presente texto tem como objetivo apresentar as principais semelhanças e diferenças entre cooperativas e associações.
Quanto as semelhanças, cooperativas e associações apresentam
os seguintes pontos em comum: adesão voluntária; gestão democrática; assembleia-geral soberana com igualdade de voto entre os membros (diferente das empresas
de capital aberto, cujos votos são ponderados pela participação societária); princípios
e estatutos próprios, que lhe garantem autonomia e independência; interesse
pela comunidade e foco no desenvolvimento local sustentável. As diferenças, por
sua vez, estão relacionadas aos seguintes pontos (CREFITO, 2010; ROLDÃO, 2021):
1. Objetivos: enquanto a associação visa a promoção e
assistência social, a cooperativa tem objetivo essencialmente econômico. Essa é
a principal diferença entre elas, da qual deriva praticamente as demais (Ferreira; Zaluski, 2022).
2. Número de Membros: a associação é formada por 2 ou mais
pessoas, ao passo que a cooperativa precisa ter no mínimo 20 membros;
3. Contabilidade: as associações possuem estruturação
contábil mais simples do que as cooperativas.
4. Transações comerciais: nas associações, as transações comerciais
são feitas diretamente pelos associados (com auxílio da associação), ao passo
que nas cooperativas, a comercialização é feita apenas pela entidade.
5. Resultados Financeiros: não se usa o termo “lucro”, mas
sim “sobras”, tanto em associações como em cooperativas. Nas associações, as
sobras não são divididas entre os membros, mas sim aplicadas na própria
entidade. Já cooperativas, dependendo das decisões da assembleia geral, as
sobras podem ser divididas ou incorporadas ao patrimônio da entidade.
6. Receitas: nas associações, as receitas advêm de
contribuições dos associados, taxas, doações, legados, subvenções, fundos e
reservas. Já nas cooperativas, as receitas advêm das taxas de serviços sobre as
operações dos cooperados.
7. Patrimônio: na associação, os associados não são
propriamente “donos”. O patrimônio acumulado pertence à associação e não aos
seus associados. No caso da sua dissolução, deverá ser destinado a outra
instituição semelhante, conforme determina a lei. Nas cooperativas, os membros são
os donos do patrimônio e os beneficiários diretos do ganho que o processo por
eles organizado proporciona. A dissolução segue regras estabelecidas pela Lei
5.764/71.
8. Quota-parte: a associação não possui quotas-partes, ao
passo que as cooperativas possuem, embora não seja permitida a transferência
das quotas-partes para terceiros.
9. Renumeração dos dirigentes: na associação os dirigentes
não são renumerados pelo exercício de suas funções, mas recebem reembolso de
despesas realizadas para desempenho do cargo, como diárias. Na cooperativa, os
dirigentes são renumerados, na forma de pró-labore, definido em assembleia-geral.
10. Tributação: associações e cooperativas são isentas de
pagar imposto de renda, embora precisem fazer a declaração anual. As cooperativas,
porém, pagam impostos decorrentes de suas ações comerciais.
Em
conclusão, o cooperativismo e o associativismo são importantes formas de
organização social, que buscam a união de indivíduos com interesses em comum
para alcançar objetivos coletivos, contribuindo para o desenvolvimento
socioeconômico das comunidades, gerando empregos e valorizando a produção
local. Essas formas de organização são regidas por princípios e estatutos que
garantem a participação democrática e a autonomia dos seus membros. Existem, no
entanto, diferenças importantes entre elas, particularmente decorrentes do fato
da associação visar a promoção social e a cooperativa ter fins econômicos. É
importante que essas formas de organização sejam incentivadas e apoiadas, para
que possam cumprir seu papel social de forma eficiente e sustentável.
Referências
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